Urologista aborda sintomas e tratamentos para combater o câncer de próstata


Por: UraOnline

Esta postagem foi publicada em 11 de julho de 2013 e está arquivada em Saúde.


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No Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens (atrás apenas do câncer de pele não-melanoma). Em valores absolutos, é o sexto tipo mais comum no mundo e o mais prevalente em homens, representando cerca de 10% do total de cânceres. Sua taxa de incidência é cerca de seis vezes maior nos países desenvolvidos em comparação aos países em desenvolvimento. De acordo com dados do INCA (Instituto Nacional do Câncer), a estimativa de novos casos para 2012 era de 60.180. Em 2010, foram registradas 12.778 mortes por conta da doença.

A glândula prostática localiza-se abaixo da bexiga e por dentro dela passa a uretra onde existem dois esfincteres responsáveis pela abertura e fechamento para a passagem da urina ou do líquido seminal durante a micção ou na ejaculação. Constituída de glândulas sustentadas por tecido fibromuscular, produz a maior parte do ejaculado, responsável pelo transporte dos espermatozoides na emissão.

Na fase inicial, com a doença ainda localizada na glândula, não existem sintomas específicos que possam ser notados, pois a degeneração cancerosa coexiste com o crescimento benigno da próstata, portanto são os mesmos quando do processo de hiperplasia benigna, sendo os principais: jato fraco e fino; frequência maior das micções durante o dia e a noite; micção incompleta com resíduo urinário vesical; vacilação miccional inicial; gotejamento terminal; sangue na urina ou no esperma; retenção urinária e diminuição do liquido seminal. Quando o câncer da próstata cresce e invade estruturas vizinhas como a bexiga, podem ocorrer: urina com sangue coagulado, ardência ao urinar, aumento da frequência das micções, em casos mais avançados, bloqueio da micção e bloqueio dos ureteres levando a hidronefrose e insuficiência renal. Quando o câncer se alastra pelo organismo, através das metástases, estas irão em primeiro lugar atingir os gânglios linfáticos pélvicos, e por via sistêmica atingir ossos, pulmões, fígado, ocorrendo nesta fase fortes dores e até fraturas ósseas, anemia, emagrecimento, queda do estado geral, que pioram quando as outras estruturas também são atingidas pelas metástases.

O diagnóstico precoce é a melhor arma que dispomos para tratar este câncer ainda na fase inicial ou seja ainda localizado. A cirurgia com a retirada total da próstata com as vesículas seminais, denominada por prostatovesiculectomia radical, é uma das melhores indicações apontada por todas as sociedades médicas urológicas, tendo como outra opção de tratamento, não cirúrgico, a radioterapia tanto a externa modulada, como a interna chamada braquiterapia com implante de sementes radioativas ou por probes inseridos que liberam alto fluxo radioterápico dentro da glândula após estudo tridimensional e localização dos pontos cancerosos. Recentemente outra modalidade de tratamento para tumores de baixo grau e localizados em poucos pontos da glândula, é ofertada através de energia HIFU, ultrassom de alta intensidade, focada nos tumores e liberada por um probe inserido no ânus e comandada por um robô por via transretal.

Quando o câncer já está metastizado, a cirurgia e a radioterapia não têm indicação, pois a doença é sistêmica, sendo então controlada por castração cirúrgica, ou hormonioterapia, através da diminuição dos níveis da testosterona plasmática obtida com medicação que bloqueia a ordem cerebral para a produção deste hormônio pelos testículos e pelas glândulas suprarrenais, ou com a administração de hormônios femininos para que haja uma involução tumoral, o que ocorre de fato, por alguns anos, até que o tumor inicie o crescimento de células que não mais respondem a este tratamento hormonal, sendo considerado resistentes à castração. Recentes estudos lançam esperança em vacinas anticâncer da próstata, mas ainda não podemos julgá-las eficazes.

Com a retirada radical da próstata, permanece apenas um esfíncter na uretra, que deverá ser forte o suficiente para reter a urina. Por raras vezes, este esfíncter pode ser lesado ou sofrer isquemias pelos pontos dados na anastomose da bexiga com a uretra bem ao nível deste esfíncter, ocasionando a incontinência urinária, que pode ser temporária ou definitiva. Exercícios e fisioterapia especializada ajudam muito para que este esfíncter muscular possa voltar a ter seu tônus restabelecido, caso contrário, o implante de um esfíncter artificial é indicado com excelentes resultados. A impotência sexual é uma complicação mais comum de ocorrer, até em 60% dos casos, pela lesão dos nervos dos

plexos neurovasculares que correm ao lado da próstata e que podem ser lesados quando do controle do sangramento destas bandas, ou por infiltração tumoral que perfurando a cápsula prostática, compromete estes tecidos, e que se deixados, representam alto risco de recidiva tumoral local. Esta impotência sexual, representada por impossibilidade de ter uma ereção sustentada e firme para uma introdução, pode ser tratada através de medicação oral ou local com injeções de drogas vasoativas no pênis e por último, se necessário, com o implante de próteses penianas.

 

Dr. Ricardo Felts de la Roca – Cremesp nº 28.886


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