PARA ONDE LEVA A IDOLATRIA DO MERCADO


Por: Dom Aloísio Roque Oppermann scj

Esta postagem foi publicada em 2 de julho de 2013 e está arquivada em Colunas, Colunas/Colunistas.


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O sistema capitalista, de alguma forma, está presente nas transações comerciais da humanidade, desde tempos imemoriais. Todos sempre estiveram conscientes das imperfeições profundas desse sistema. Mas jamais foi encontrado algo melhor. Houve tentativas famosas de superar tal organização econômica da sociedade. Já no tempo dos sábios gregos houve uma proposta de Platão na sua obra “A República”, que causou não poucas tentativas mal sucedidas. Já nos tempos modernos Santo Tomás Morus, patrono dos políticos, ficou famoso pela sua obra “A Utopia”, onde advogava uma sociedade sem propriedade particular dos meios de produção. Esse sonho que, em alguns momentos chegou a assumir ares de delírio, mais tarde se somatizou no socialismo. Não é preciso ser um gênio para verificar que esse sistema nos levou a regimes políticos, os mais cruéis  e perversos da história. Também não é nada difícil demonstrar que os seus conteúdos filosóficos são de corte totalmente materialista.

Vejam só que a Doutrina Social da Igreja, referindo-se ao capitalismo, admite como positivas,  as leis do mercado; concorda com a criação da moeda; dos bancos;  e do lucro justo. Mas junto com o pensador Levinas, a Igreja considera evidente que a exacerbação de seus pressupostos, levou a um crasso materialismo.  O capitalismo, por falta de melhor idéia, apoderou-se da escatologia judaico-cristã. Se a Igreja, seguindo o seu sábio mestre Jesus Cristo, fala de pecado original, da necessidade de sacrifícios, de encontro definitivo com Deus na eternidade, o capitalismo elevado a idolatria e princípio absoluto, mimetizou os princípios da Igreja.  A Religião, durante muitos séculos, foi a inspiradora natural das grandes motivações da humanidade. Tudo estava impregnado de espírito religioso. Basta olhar as motivações profundas que acionavam as naus portuguesas, a invasão dos holandeses no Nordeste, a aventura dos calvinistas franceses no Rio de Janeiro. Só que o materialismo baixou isso tudo para o âmbito intramundano. O único pecado que pode afetar o ser humano é querer ser bondoso com o semelhante. O sacrifício que deve ser feito é padecer hoje, para gozar tanto mais amanhã. E para ser feliz não é mais preciso buscar a Deus, mas ajuntar bens para este mundo.


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