Brasília - Apesar de metade da população brasileira ser formada por negros, quando ligamos a televisão a maioria dos atores, apresentadores, jornalistas e figurantes que vemos são brancos. É na intenção de mudar essa realidade que a Fundação Cultural Palmares/MinC vai participar do I Fórum Nacional de TV´s Públicas, de 8 a 11 de maio em Brasília.

Os debates de preparação do Fórum estão acontecendo desde setembro de 2006 e já tiveram como resultado dois Cadernos de Debates. O presidente da FCP, Zulu Araújo, participou do lançamento do segundo volume do Caderno de Debates, que aconteceu no dia 9 de abril no Rio de Janeiro. "A minha presença no Rio foi para ouvir e tomar conhecimento das discussões e fazer com que a Palmares participe do Fórum", disse Zulu.

A FCP solicitou ao cineasta Joel Zito Araújo que elaborasse um diagnóstico sobre a presença afro-brasileira nas TV´s públicas do nosso país. Joel Zito e uma equipe de quatro a cinco pesquisadores acompanharam, durante uma semana, a programação das TV´s públicas de Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador. "A partir desse diagnóstico, nós vamos participar do Fórum", disse o ator Antônio Pompêo, recém-nomeado como diretor de Promoção, Pesquisas, Estudo e Divulgação da Cultura Afro-Brasileira na FCP. "A nossa intenção é que, na criação da TV Pública, esteja assegurada a presença da cultura negra de forma representativa, corrigindo as distorções hoje existentes", afirmou Zulu. O presidente também disse que a FCP já está se articulando no Ministério da Cultura, responsável pelo Fórum Nacional de TV´s Públicas. "Já tivemos reuniões com a Secretaria de Audiovisual e com a Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura", disse ele.

Além disso, tem acontecido o contato da FCP com algumas TV´s públicas, como a TV Senado, a TV Câmara e a TV Nacional - da Radiobrás - para discutir ações e programações conjuntas. Toda essa articulação e a participação da FCP no Fórum são destinadas a favorecer a igualdade racial no projeto do governo federal de criar uma Rede Pública de TV´s. "A cultura negra deve ser tratada no cotidiano da grade da TV Pública, porque é o cotidiano de metade da população brasileira", disse Zulu.

A criação da TV Pública

O governo federal demonstra uma certa urgência na formulação da TV Pública. No lançamento do segundo volume do Caderno de Debates para o Fórum Nacional de TV´s Públicas, o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Franklin Martins, disse que o anteprojeto de lei deve sair do papel em 90 dias.

"Neste encontro poderemos discutir, formular e enunciar as questões essenciais de um necessário plano de desenvolvimento para a TV pública brasileira" - disse Gil em seu artigo no primeiro volume do Caderno de Debates - "O governo brasileiro considera urgente e estratégica essa reflexão para o melhor enfrentamento dessas questões".

Fonte: Fundação Cultural Palmares

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