URASeções
  Ação Social

  Agenda Mensal

  Colunas & Colunistas

  Arte/Cultura

  Culinária

  Dicas de Beleza

  Especial

  Eventos

  Horóscopo

  Moda/Tendências

  Notícias/Destaques

  Saúde

  URA-Divulga

 URAServiços

  Agência de Viagem

  Artesanato

  Ateliê

  Cabeleireiros

  Cartões

  Clínica Veterinária

  Cursos

  Dentista

  Diversão

  Escolas

  Fotografia

  Imóveis

  Informática

  Jornais

  Locadoras

  Moda/lojas

  Molduras

  Hotel/Pousada

  Pneus

  Projeto Cultural

  Supermercado

  Telefonia

  Terapeutas
 URATempo
 Cotações
   * Dólar
   * Índice
   * Juros

 CURRÍCULOS


Principal |  Uberaba em Foco | Boletim URA Online Anuncie!
 
Seções » Especial

ANONÁCEAS: DO BRASIL IMPÉRIO A ATEMÓIA
Publicado em 09/02/07

Bahia e São Paulo são os maiores produtores das anonáceas, entre elas a atemóia, que apresenta maior crescimento devido à incorporação de tecnologia com melhor remuneração para o produtor.

A fruta-do-conde (também chamada ata ou pinha), a mais conhecida das anonáceas brasileiras, foi introduzida no País em 1626 na Bahia, pelo conde Miranda, e no Rio de Janeiro em 1811, a pedido do rei D. João VI. Atualmente, cinco espécies da família destacam-se no mercado nacional: graviola, fruta-do-conde, cherimóia, fruta-da-condessa e atemóia. Do cruzamento da ata com a cherimóia surgiu o recente híbrido atemóia, cultura que está restrita a alguns países tropicais e subtropicais, por se adaptar melhor às condições intermediárias entre a cherimóia, fruta de clima temperado, e a ata, natural de clima tropical. No Brasil, somente a atemóia apresenta cultivares adaptadas ao clima subtropical, como Gefner, African Pride, Pinks Mamooth, por exemplo. Pomares comerciais de atemóia começaram a produzir nos anos 90, fruto de pesquisa do Estado de São Paulo a partir da década de 1950.

A produção nacional de anonáceas concentra-se nas regiões Nordeste e Sudeste, com predomínio na Bahia, seguida de Pernambuco, Rio Grande do Norte e Alagoas, com a pinha e a graviola, e São Paulo e Minas Gerais, com a atemóia.

TECNOLOGIA PARA PRODUZIR

Atualmente, o mercado, desfavorável para algumas frutas mais convencionais, tem estimulado a procura dos fruticultores paulistas por mudas selecionadas para o plantio de atemóia, aquecendo, inclusive, a produção dos viveiros de mudas. Embora o preço recebido pelo produtor de atemóia tenha se reduzido nos últimos tempos, a receita por ele auferida ainda é estimulante. Para o consumidor, essa retração do preço é bastante positiva, principalmente por ser uma fruta ainda cara para a renda da população, em geral.

Em São Paulo, maior produtor, são nas regiões mais frias que ocorrem a expansão mais acentuada do seu plantio, como as de Botucatu, Itapetininga e Sorocaba. Já, nas regiões de Jales e Lins mais quentes e tradicionais no plantio de anonáceas, principalmente da pinha não tendo tecnologia tão bem adaptada para a atemóia, a produção ainda é incipiente. Os técnicos, especialistas nesta fruta, têm insistido num manejo que atenda às especificidades regionais. Segundo eles, o uso correto da tecnologia é ponto fundamental para a obtenção de qualidade, aumento de produção e sustentabilidade da atividade local. Tem-se observado que o cultivo da atemóia ainda está restrito a poucos produtores, os quais vêm adotando, a contento, as recomendações técnicas de produção.

Essa preocupação levou à formação, em 2003, da Associação Brasileira dos Produtores de Anonáceas (Anonas Brasil). A finalidade maior é orientar os fruticultores atuais e potenciais para a conquista do mercado com qualidade. A organização desse setor também depende da sistematização de informações técnicas e de mercado. Nesse sentido, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento, por meio do Instituto de Economia Agrícola IEA - e da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral Cati -, tem colaborado no levantamento de dados de produção, área e produtividade.

ESTATÍSTICAS DO SETOR

As estatísticas sobre anonáceas para o Estado de São Paulo, obtidas pelo levantamento de previsão de safra agrícola (IEA/ Cati), mostram que o número de plantas aumentou quase dez vezes no período de 1986 a 2005, passando de 37,4 mil para 361,3 mil pés, com a pinha perdendo espaço para a atemóia nos últimos anos.

Devido ao interesse dos produtores e da crescente importância da atemóia no mercado paulista, a partir da safra 2002/03 as estatísticas sobre essa fruta passaram a ser levantadas separadamente das demais anonáceas. Verificou- se que em 2004/05 a produção de atemóia cresceu 39% em relação a 2002/03, passando de 455 mil caixas, de 3,7 kg, para 633,1 mil caixas. Segundo os especialistas, a maioria das informações sobre demais anonáceas representa a produção da fruta- do- conde (pinha), atingindo 11,8 milhões de frutos em 2004/05, inferior aos 13,4 milhões de frutos de 2002/03, em decorrência da queda, tanto do número de pés novos (63%) como dos pés em produção (15%). De acordo com técnicos de Jales, maior região produtora, as razões mais importantes para essa queda relacionam-se aos problemas fitossanitários, de manejo (principalmente a polinização cruzada), de desestímulo de mercado frente a outras frutas em especial à uva niagara e até pela substituição da exploração por atemóia.

Em termos da quantidade produzida de atemóia no Estado, é ainda bem menor do que a da pinha, porém com crescente participação no total das anonáceas. Em 2002/03 essa parcela correspondia a 16% e em apenas três anos chegou a 29%, principalmente devido à produtividade da atemóia, que cresceu 50% nesse período, enquanto que a das demais anonáceas manteve- se constante. Dados da última safra analisada (2004/05) também revelam que em São Paulo existem 8,1 mil pés novos e 247,6 mil pés em produção de fruta-do-conde. Para a atemóia, estima-se 34,7 mil pés novos (16% maior do que em 2002/03) e 71 mil pés em produção. Na comercialização das anonáceas na Ceagesp, São Paulo, Bahia e Minas Gerais aparecem como os principais fornecedores. Os dados apontaram em 2005 o predomínio da comercialização da pinha (57%) e da atemóia (36%), com oferta das frutas durante o ano todo. A maior concentração da fruta-do-conde (pinha) ocorreu nos meses de fevereiro a maio e da atemóia, de abril a agosto. O mercado da pinha é abastecido principalmente por Bahia (52%) e São Paulo (26%) e neste a maior entrada se dá no 1o semestre do ano. Já, para a atemóia, a Ceagesp recebe os maiores volumes de São Paulo e Minas Gerais, com 47% e 37%, respectivamente.

Segundo a Ceagesp, em 2001 foram comercializadas 2.494 toneladas de fruta-do-conde (pinha) e 1.070 toneladas de atemóia, no valor de R$ 6,7 milhões. Em 2005, o volume de entrada da pinha cresceu 9% (passando para 2.727 toneladas) e o da atemóia registrou aumento significativo (61%), atingindo 1.719 toneladas comparativamente a 2001. Isso mostra as alterações que vêm ocorrendo, tanto na oferta dessa fruta, antes considerada exótica, como na demanda, até pela mudança de hábitos de consumo por se tratar de uma fruta com menos sementes, mais polpa, menos açúcar e bastante saborosa. Em 2005, o preço médio da pinha foi R$ 14,00 por caixa de 3,7 kg, sendo que de janeiro a abril de 2006 apontaram média de R$11,40. No caso da atemóia, os preços por caixa oscilaram de R$12,50 a R$ 21,00, de julho a dezembro de 2005 (início da cotação de preços), atingindo uma média de R$16,50. Para os quatro primeiros meses de 2006, a média mensal foi de R$11,70. Embora a quantidade comercializada de atemóia tenha crescido significativamente entre 2001 e 2005, seus preços ainda continuam bastante atrativos para os produtores, por conta tanto do tamanho e da qualidade das frutas colocadas no mercado.

Graças aos avanços da pesquisa e ao uso adequado de tecnologias, a cultura de atemóia começa a se firmar no mercado interno com produção crescente e com frutas de melhor qualidade. Vislumbra-se um potencial de demanda, principalmente de frutas in natura e, também, por parte dos produtores, por mecanismos que permitam ampliar o período de safra para a colocação da fruta no mercado. No entanto, alguns desafios devem ser enfrentados: adaptação de espécies e variedades aos diversos climas; adoção de tecnologias de produção; planejamento das práticas culturais; aprimoramento do uso de tecnologias de pós-colheita e adoção de estratégias mercadológicas. Isso traz como resultados a sustentabilidade do cultivo de atemóia, frutas com padrão de qualidade comprova-damente superior e remuneração mais favorável, com perspectivas também para o mercado externo.

Elizabeth Alves e Nogueira, Nilda Tereza Cardoso de Mello e Denise Viani Caser - Instituto de Economia Agrícola;
Gabriel Vicente Bittencourt de Almeida - Centro de Qualidade em Horticultura da Ceagesp

Matéria retirada da Revista Frutas e Derivados.
Site: http://www.ibraf.org.br/x-re/f-revista.html


Leia + Especial