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Seções » Colunas

Psicologia

Do Homo Sapiens ao Homo Sensível
Lisete Resende, Psicóloga Clínica, Vice-presidente do Forum dos Articulistas de Uberaba, Assessora de Imprensa da Casa do Folclore, e Diretora de Projetos e Marketing da Fundação Cultural de Uberaba.
e-mail:
Publicado em 23/07/2008

Foram precisos séculos de repressão para que a humanidade pudesse ser civilizada, para que deixasse de ser, literalmente, bicho do mato. Nos tempos das cavernas, do Homo sapiens, somente a força dos instintos, a fome, o sexo, a raiva e principalmente o medo, prevalecia. Se um grupo sabia fazer fogo, o outro não ia lá pedir para aprender, já que roubar dava muito menos trabalho. E se um homem resolvesse que queria a mulher do outro, ia lá e tomava, nem se importando com a retaliação que, para falar a verdade, só acontecia mesmo se roubassem sua caça. Aí a briga era certa.

Quando os homens evoluíram um pouco e se organizaram, os instintos ainda predominavam mas, a criação de algumas regras de convivência ajudou na contenção da raiva, da inveja e do medo. As mulheres nem constavam nessas leis já que não tinham a menor importância. Foi a era do Homo índio. Quando queriam uma mulher, uma pequena flechada com curare substituía a clava dos homens das cavernas e, quando elas acordavam, já era. Não existia esse coisa de política da boa vizinhança. Ninguém comprava farinha um do outro, ou abria uma portinha com a placa “faça aqui sua tatuagem de urucum”. Tinham sim medo uns dos outros. Fossem lá buscar farinha e viravam farinha eles mesmos.

Um dia os homens entenderam que não dava pra ser feliz com tanto medo e, com o aparecimento dos Códigos de Hamurabi, os Dez Mandamentos, Leis das Doze Tábuas entre outros, uma novidade foi se incorporando à consciência do homem: a moral. A construção da moral foi feita às custas de muitas punições, mas foi o freio ideal para canalizar os instintos, para definir a extensão da liberdade individual. Aparece o Homo romântico. Quando queria uma mulher agora precisava conquistar, duelar, fazer serenata, levar pra casa, cuidar, amar e respeitar todos os dias da sua vida.

Lá pelos idos do século vinte, entretanto, talvez pela crença que o mundo acabaria no ano 2000, ou talvez o Woodstock, ou ainda a pílula, ou sabe-se lá, houve uma flexibilização na moral. Passaram a ser valorizado os “cabeça aberta”, os “papo cabeça”, os adeptos do “num esquenta não”. A repressão passou a ser antítese da felicidade. Surge o Homo erótico. “Casamento não é papo pra mim”, cantava Roberto Carlos na TV, prenunciando que o homem agora queria uma mulher por “uma noite apenas, e nada mais”. Com os instintos saindo por entre os trincados da moral, ninguém mais queria ter deveres, queria ter orgasmos.

Liberou geral. Com o fim da repressão a sociedade de homens livres agora aposta nas normas éticas, no indivíduo consciente do que faz e de por que o faz. Com essa nova evolução, ou seja, com o poder de usar o pensamento para se relacionar, surge o Homo Conflito. Quer respeitar as moças. Ou não. As mulheres conquistam novos espaços e provocam uma reviravolta nos papéis masculinos e femininos no mundo. Em busca pela redefinição do seu status viril, o homem inicia a maior batalha do século: a guerra entre os sexos. É tempo de Gonzaguinha: “...Um homem também chora, também deseja colo”..

A maioria entendeu isso com um sinal para liberar seus instintos, soltar suas feras, soltar os cachorros, soltar a franga. Aparece o Homo sensível. O homem que chora, que tem crise existencial, que você diz pra ele não ligar no dia seguinte e ele liga, e que sabe umas receitas de-li-ci-o-sas. É, e agora cuidado redobrado nos relacionamentos. Esses homens quando querem uma mulher, tem quer ser uma independente, emancipada, que nem pense em compromisso ou em discutir a relação.. senão ficam nervosos, emburram, e vão embora pra casa da mãe.